Deus é perfeito, mas nos criou imperfeitos: vai entender



Meus colegas sempre falam que eu não devia mais me surpreender tanto com as pessoas, mas eu insisto. Fico pensando: se um dia eu não me incomodar mais, isso significaria que o absurdo se consolidou? A falta de surpresa dos meus amigos já sugere que é assim mesmo que vai ser e chegou a hora de aceitarmos? 

Não sei se consigo responder esses questionamentos. Também não sei se consigo elaborar um pensamento coeso e satisfatório sobre essas tantas coisas que vemos na internet. Tenho visto coisas demais, sem dúvidas, muito mais do que eu gostaria. 

Preciso dizer que nunca me interessei por igrejas, ainda que minha família fosse bastante religiosa. Nunca entendi o que levava meus amigos a se envolverem com aquelas pessoas tão endurecidas. Pelo menos, era assim que eu as lia, percebia que elas estavam duras. Os movimentos eram contidos, os olhares e os sorrisos também. Eu pensava que, para os crentes, ser feliz demais era pecado. Por isso, nunca nem experimentei. 

No entanto, eu cresci. Com o tempo eu entendi uma porrada de coisas: que alguns dos meus pensamentos eram realmente absurdos e que algumas das minhas ideias infantis podiam ser bastante sábias. Ironicamente, sobre os crentes, as ideias infantis estavam quase totalmente certas. Exceto pelo fato de que as novas informações que obtive sobre as doutrinas religiosas, tornavam algumas questões estupidamente perigosas. 

Enquanto rolava meu feed do Facebook, cruzei com esse vídeo. Na minha bolha, compartilharam para registrar severas críticas. Mas, bastou abrir os comentários da publicação, para que a bolha estourasse. Aliás, a bolha só não. Tinham tantos e tantos votos de parabenizações e concordância com o que diz a letra da música, dessas 3 crianças crentes. A minha incapacidade anestésica é uma droga nessas horas. Fiquei fascinada lendo tudo aquilo por horas. Péssima ideia. 

Agora, escrevo e não consigo chegar em lugar nenhum. Não consigo concluir o meu pensamento. São apenas 3 crianças, não merecem a minha raiva. 3 crianças merecem compreensão, respeito para descobrirem ao mundo e a si mesmo. 3 crianças merecem se divertir, cantar se isso as fizerem bem. 3 crianças não merecem ser um veículo transmissor de ideias violentas. 

Custa muito para minha criança interior (que é fortíssima) entender que há um Deus perfeito, incapaz de cometer erros, dentro de uma sociedade onde os erros são parte de tudo que somos. Não seria ele o criador? Então, se erramos o tempo todo, desde que o mundo é mundo, como pode, esse Deus que não erra, ter nos criado sujeitos a tantos erros? Como pode um Deus que prega compaixão e perdão, não errar? Como pode, um Deus perfeito, permitir que suas crianças usem suas vozes para promover divisões que mancham nossas vidas com sangues inocentes? 

Seja lá qual for a sua religião/crença/fé. Você não precisa fazer da vida de alguém infeliz, violentar outra pessoa ou subsidiar agressões alheias em nome de deus. É isso!

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