Equals quase foi o Romeu e Julieta do futuro

O filme Equals, com Kristen Stewart e Nicolas Hoult, roteiro de Nathan Parker, merece alguns elogios. A utópica história tem os efeitos visuais e sensoriais como um de seus destaques, com imagens de arrancar interjeições de surpresa e admiração em quem assiste.



História
Após a Grande Guerra, um evento que quase levou o planeta Terra à extinção, aqueles que sobreviveram se organizaram em um novo modelo de sociedade. Isolados e distantes daquilo que é visto como vestígios de um passado de insucessos, os Equals compõem essa nova lógica, onde a ideia de perfeição é levada ao extremo. As pessoas que fazem parte desse cenário são frias, focadas e disciplinadas. Elas foram geradas por inseminação artificial, são criadas pelo próprio governo e não possuem vínculos emotivos. 

A grande conquista dessa sociedade é o controle sobre tudo e todos. As descobertas científicas permitiram que fosse possível inibir as sensações que conhecemos: amor, amizade, felicidade, tristeza, espanto, gula. Com isso, todos vivem sem distrações nem doenças, o que acarreta em altos desempenhos no trabalho e um espaço sem as mazelas sociais que assolam o nosso mundo. 
No entanto, nem todos passam a vida inteira com esse inibidores funcionando perfeitamente, em alguns casos existe uma espécie de despertar para as sensações. Essas pessoas são chamadas de Defeitos e consideradas doentes. 

Nesse contexto, romances são proibidos e reprimidos. Nia (Kristen) e Silas (Nicolas) formam um par romântico, que irão descobrir o poder do toque, da companhia e do amor. Uma espécie de Romeu e Julieta do futuro, mas sem o grande desfecho trágico. Infelizmente. O que, na minha opinião, é uma grande perda do roteiro. 

Não sei se há intenção em dar continuidade ao filme, porém o paralelo com o casal mais famoso do mundo, Romeu e Julieta, estava tão interessante que quando o desfecho retorna para o clichê norte-americano dá um profundo desânimo. Muito incomoda que um filme com tamanha potência escolha explorar a história de mais um casal com final clichê, rumo à liberdade. 



Detalhes
O cuidado com o estético do filme é positivamente surpreendente. Não há longos diálogos explicativos sobre o que aconteceu ou sobre aquela nova organização social. Ainda assim, há uma série de elementos que contribuem para despertar outros sentidos, que acabam por explicar todo o funcionamento. 

Estratégias como a repetição da rotina, o jogo com as cores frias e quentes, o uso exagerado do branco e as cenas onde as pessoas param para assistir os informativos do governo fazem toda a diferença no quesito entendimento. Mais interessante ainda é que provoca além de uma compreensão interpretativa dos fatos, gera incômodos e, muitas vezes, mal-estar com aquela vida fria e repetitiva que todos levam. Ao mesmo tempo, o tédio e o contraponto do medo de sentir algo a mais, algo fora do normal, cria um clima que dá sentido ao desenrolar dos fatos, o que também ajuda em nos fazer imaginar como seria viver naquele contexto. 


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